segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Resenha: Papai é Prêmio Nobel - Gilberto Dimenstein

 

Resenha: Papai é Prêmio Nobel

Autor: Gilberto Dimenstein


Ética e Ciência

O que é?

Quando uma atividade humana provoca discussões e a respeito de ser moralmente boa ou ruim, está se falando da ética daquela ação. De um modo geral, não se costuma avaliar cada atividade deste ponto de vista, porque a sociedade já estabeleceu os parâmetros do bem e do mal, ainda que frequentemente praticado, enquanto ações beneficentes são um bem, mesmo que raras. A ciência, no entanto, está levantando com suas descobertas uma série de questões que precisam ser eticamente avaliadas, exatamente por serem decisões que a raça humana nunca enfrentou antes. Com o avanço da engenharia genética, é necessário pensar se os pais tem direito a abortar um filho caso não corresponda as suas expectativas físicas ou psicológicas; se é correto criar clones de pessoas para utilização de seus órgãos; se é aceitável clonar-se a si próprio. São muitos prós e contras com consequências dramáticas para as práticas sociais de um futuro bastante próximo.


Depois de ficar milionário ao inventar uma lente de contato que não quebra, o cientista Robert Graham, morto aos 90 anos, passou a colecionar esperma de vencedores do Prêmio Nobel.


Em Escondido, cidadezinha da Califórnia, ele montou um banco de esperma, o Nobel Prize Sperm Bank. Mais tarde, alargou seus critérios, aceitando amostras de homens saudáveis e notáveis em suas atividades, como ganhadores de medalhas de ouro nas Olimpíadas, por exemplo. Ele estava convencido de estar ajudando a humanidade a ser mais saudável e inteligente.


O “banco” atraiu a bailarina norte-americana Adriane Miller: “Não tinha alternativa. Meu marido é estéril”. Ela foi apresentada a um menu de potenciais pais e suas características, alto, baixo, cabelos negros, olhos azuis, QI alto, atlético. A lista lembrava um menu de um restaurante.


Adriane teve três filhos. Escolheu o esperma de um campeão olímpico, de um artista e de um cientista. “Sou bailarina, gosto das artes, da escultura física, mas também adoro a vida intelectual”, diz ela, que mora numa ilhota ao lado de Manhattan.


As duas filhas mais velhas, de 11 e 9 anos, saíram exatamente como Adriane esperava: inteligentes, com gosto das artes. Por último, veio um menino. Virou drama familiar: é autista, desligado da realidade.


Perguntei a Adriane se ela sentia alguma culpa pelos problemas do filho. “Não me arrependo. Sem esse método artificial jamais teria família e minha vida seria vazia”.


Os avanços de genética inspiraram a obra Meninos do Brasil, em que embriões de Hitler eram espalhados por várias partes do mundo. Esse livro ajudou a aumentar os temores provocados por Dolly, clone de uma ovelha escocesa. A clonagem foi atacada por todos os lados, com direitos a declarações de governantes e cientistas. Viram naquela ovelha de dar ar angelical a possibilidade de um planeta infestado por clones humanos.


O debate a respeito desse assunto deve ser centrado na ética – ou seja, nos limites da ação humana. O homem tem produzido desgraça com a ciência. Basta ver as bombas atômicas lançadas no Japão ou o uso de armas químicas. Mas a história ensina que, até agora, a humanidade tem se beneficiado mais do que se prejudicado com a ciência.


Com o computador, as pessoas tiveram acesso a informação e a saberes jamais sonhados. A fissão do átomo, por exemplo, é possibilidade de energia sem destruir a natureza, como as usinas hidrelétricas; a agricultura superou as previsões de fome incontrolável no planeta, devido ao aumento da população.


Graças a experiências do tipo da ovelha Dolly, a medicina aumenta sem parar a expectativa de vida do ser humano; um mendigo hoje vive mais do que um nobre da Idade Média.

 

Link para acessar o livro: Ética Prática 

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