domingo, 27 de novembro de 2022

Resumo: Educação após Auschwitz - Theodor Adorno

 

Resumo: Educação após Auschwitz

Autor: Theodor Adorno


Nesse texto, Educação após Auschwitz, Theodor Adorno ressalta que a principal meta da educação deve ser a de evitar que Auschwitz se repita. O filósofo lembra que; a barbárie continuará existindo enquanto persistirem as condições que levaram a Auscwitz.


Para Adorno, os ensaios de Freud merecem a mais ampla divulgação e importância, pelo fato de ter mostrado a tendência anti-civilizatória dos indivíduos. Adorno lembra que a estrutura básica da sociedade não mudou nos últimos 25 anos. Vale lembrar que milhões de pessoas foram assassinados de maneira planejada. O genocídio teve também suas raízes no nacionalismo que se espalhou por muitos países no século XIX. As forças destrutivas integram o curso da história numa batalha de contra-explosões: explosão da bomba atômica – explosão populacional – explosão da bomba com morticídio de populações inteiras.


Atualmente, as possibilidades de mudar os pressupostos que geraram Auschwitz são limitadas por fatores políticos e sociais. Não adianta também apelar para valores eternos, é preciso fazer uma inflexão do sujeito levando-o a uma reflexão sobre si mesmo. Nesse aspecto, a educação só tem sentido como educação dirigida a auto-reflexão e centrada na primeira infância. Num mundo administrado aumenta cada vez mais a pressão social e a revolta do individuo como resposta.


A história das perseguições confirma que a violência é dirigida especialmente aos socialmente fracos. A tendência é desfazer as particularidades e as individualidades. Ao mesmo tempo que a sociedade integra, gera tendências desagregadoras. A falta de autonomia e de auto-determinação são condições favoráveis à barbárie. O único poder efetivo contra a repetição de Auschwitz é a conquista da autonomia e o poder para a auto-reflexão e autodeterminação da não-participacão na barbárie. Agir de forma heterônoma, curvando-se diante de normas e compromissos de obediência “cega” à autoridade gera condições favoráveis à barbárie. O não confronto com a barbárie é condição para que tudo aconteça de novo.


Os algozes do campo de concentração de Auschwitz eram em sua maioria jovens filhos de camponeses, o que pressupõe ser o insucesso da desbarbarização maior ainda no campo (Zona Rural). Para amenizar os contrastes da educação zona rural-cidade é necessário a formação de grupos educacionais móveis de voluntários para preencher lacunas da educação. Tendências de regressão à barbárie existe por toda parte, tanto no campo quanto na cidade.


A mutilação da consciência manifesta-se na esfera corporal. Uma pessoa inculta por exemplo; produz gestos e linguagem ameaçadora quando dela algo for criticado ou exigido. É preciso analisar também a função do esporte. Para Adorno, evitar Auschwitz, implica em resistir ao poder cego de toda espécie de coletivo, brutalidades e violências justificadas por costumes e ritos. A educação pautada pela severidade, pela disciplina, é condição propícia para a barbárie. A dureza significa indiferença em relação a dor. “Quem é severo consigo mesmo, adquire o direito de ser severo também com o outro”.


Os indivíduos desprovidos de auto-consciência constitui o caráter manipulador. São pessoas desprovidas de emoções, detentoras de consciência “coisificada”, transformando-se a si mesmas e aos outros em ‘coisas’. Contra a repetição de Auschwitz será necessário estudar a formação do caráter manipulador. Identificar o motivo que levou indivíduos em condições iguais a ter comportamentos diferentes. É um equívoco entender isso como resultado da natureza humana e não como um processo de formação.


A consciência “coisificada” faz as pessoas frias e incapazes de amar. Seus resquícios de amor são dirigidos a técnica, ou melhor, aos produtos da técnica. Se as pessoas não fossem indiferentes umas as outras, Auschwitz não teria acontecido. A incapacidade de identificação foi sem dúvida, uma das condições para Auschwitz. Atualmente, as pessoas se sentem mal amadas e incapazes de amar. O calor humano é pré-requisito contra a barbárie. O amor deve consistir em um “dever” e não somente a vínculos profissionais e aproximativos. As pessoas que devemos amar são elas próprias incapazes de amar e por isto não são tão amáveis assim”.


Ainda que o conhecimento racional não dissolva mecanismos inconscientes, ao menos fortalecerá instâncias de resistência contra os extremismos que levam a barbárie. É necessário esclarecer quanto as possibilidades de uma outra fúria semelhante a Auschuitz. Pode ser a vez dos idosos, dos intelectuais ou de um outro grupo divergente. Faz-se necessário mostrar possibilidades concretas de resistência.


Enfim, para Adorno, o centro de toda educação política deveria ser que Auschwitz não se repita. Para isso, será preciso tratar criticamente o conceito de razão de Estado. O pensador lembra ainda que; as pessoas que executam assassinatos agem em contradições com seus próprios interesses. São assassinas de si mesmas ao cumprir ordens dos assassinos de gabinete.

  Link para acessar o livro: Educação e Emancipação

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